“José, homem justo e esposo de Maria”: este foi o tema da terceira catequese que o Papa dedicou ao pai de Jesus. Na Audiência Geral, realizada na Sala Paulo VI, a intenção do Papa Francisco foi oferecer uma mensagem aos namorados e noivos.
Para compreender o comportamento de José em relação à Maria, explicou o Papa, é importante recordar os costumes matrimoniais da época em Israel. O matrimônio compreendia duas fases. Na primeira, a noiva continuava a viver na casa paterna, mas de fato era já considerada “a esposa” do noivo. Um ano depois, iniciava a segunda fase, ela deixava a casa paterna e ia morar com o marido. Foi durante a primeira fase que José notou que Maria estava grávida e naquele tempo existia a Lei do tempo, que dava ao noivo a possibilidade de acusá-la publicamente de adultério.
Segundo o Evangelho, José era “justo” porque se submetia à Lei, mas, dentro dele, o amor por Maria e a confiança que tinha nela era maior. “Enquanto decidia, interveio a voz de Deus para revelar um significado muito maior do que a própria justiça de José: “não temas receber Maria, pois o que Ela concebeu é obra do Espírito Santo”“.
Da paixão ao verdadeiro amor
Provavelmente Maria e José tinham sonhos diferentes para suas vidas, mas tiveram que lidar com um fato inesperado. O Papa Francisco destacou, “a nossa vida não é como imaginamos”. Sobretudo nos relacionamentos de amor, de afeto, há dificuldade em passar da paixão ao amor maduro. “Vocês, recém-casados, pensem bem nisto”, advertiu.
O encanto pode não corresponder à realidade dos fatos. Mas justamente quando a paixão parece chegar ao fim, tem início o amor verdadeiro. Amar não é pretender que o outro corresponda à nossa imaginação, mas escolher em plena liberdade as responsabilidades que a vida apresenta. “Com todos os riscos”, acrescentou o Pontífice.
Portanto, os noivos cristãos são chamados a testemunhar um amor assim, que tenha a coragem de passar da lógica da paixão a um amor maduro. Esta é uma escolha exigente, que ao invés de aprisionar a vida, pode fortificar o amor para que seja duradouro diante das provações do tempo.
A briga entre casais “existe desde os tempos de Adão e Eva”, recordou o Papa Francisco. E repetiu alguns conselhos, como, por exemplo, jamais encerrar o dia brigado com o parceiro, “pois a guerra fria do dia seguinte é muito perigosa”. É suficiente um gesto para fazer as pazes, disse o Papa, tocando o seu próprio rosto.
Como nas catequeses precedentes, o Papa então concluiu com mais uma oração:
São José,
tu que amastes Maria com liberdade,
e escolhestes renunciar ao teu imaginário para dar espaço à realidade,
ajuda cada um de nós a deixar-nos surpreender por Deus
e a acolher a vida não como um imprevisto do qual se defender,
mas como um mistério que esconde o segredo da verdadeira alegria.
Obtém a todos os noivos cristãos a alegria e a radicalidade,
mantendo, porém, sempre a consciência
de que somente a misericórdia e o perdão tornam possível o amor. Amém.