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Artigo de dom walmor

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Saúde institucional

O tema, além de instigante, é vital: a saúde das instituições merece a atenção de especialistas dos mais distintos campos do saber, considerando o carisma e a missão de cada instituição no contexto social e na construção da história. É especialmente importante avaliar a performance do tesouro mais precioso e determinante para a vida institucional: as pessoas que cuidam do dia a dia das instituições. Refletir sobre a realidade institucional, contando sempre com a contribuição de especialistas, merece crescente atenção de todos, para que cada pessoa cultive sempre mais consciência sobre a sua responsabilidade e as suas contribuições à realidade da instituição da qual faz parte.  Essa responsabilidade e contribuição, naturalmente, estão além de um lugar conquistado, um título ou um status adquiridos, que concedam benesses ou expressem simpatias que muitas vezes estão distantes das finalidades institucionais. A dimensão constitutiva da instituição, no horizonte luminoso de seu carisma e missão, depende de desempenhos individuais nas muitas frentes de trabalho.

A instituição se move e efetiva a sua missão a partir do dinamismo e da lucidez alicerçados em qualidades humanas e nas aptidões daqueles que configuram o mais importante recurso institucional - o ser humano. As instituições podem ter uma longeva história ou acumular amplo patrimônio social, político, religioso ou cultural, mas sempre dependerão dos desempenhos de seus colaboradores. Há uma firme incidência da qualidade humana e espiritual do líder e de cada colaborador no contexto institucional. Por isso, a história, os patrimônios espiritual e moral das instituições devem permanentemente desafiar aqueles que estão à frente de seus trabalhos na contemporaneidade, para que sejam alcançadas respostas qualificadas. Essas respostas precisam estar à altura do trabalho de predecessores.

Um risco grave está na perda ou assoreamento da memória histórica institucional que precisa ser sempre bem cultivada. Quando se ignora essa memória, enfraquece-se o compromisso de se respeitar e de corresponder ao legado daqueles que ofereceram significativas contribuições para a solidez institucional. Os sucessores desse legado precisam, assim, sentir-se desafiados pelo carisma, história, personagens, patrimônio moral e social das instituições. A desatenção a esse desafio conduz a desempenhos medíocres que se ajeitam na satisfação de anseios egoístas, alimentando a máscara “do faz de conta” ou “do mais do mesmo”. Quem age desatentamente em relação ao legado que recebeu no contexto institucional, alimenta ilusões a respeito de si mesmo, atribuindo-se uma dimensão que não corresponde à realidade. A ilusão a respeito de si mesmo é um grande e poderoso mal, com força para corroer patrimônios, sobretudo aqueles de ordem moral, social, religioso e cultural.

O agir ancorado em aptidões ou qualidades individuais requer o permanente exercício de refletir sobre si mesmo, identificar os próprios limites para superá-los diuturnamente.  Quando a prática de refletir sobre si mesmo é pífia, sem a observância do carisma e da missão institucional, verifica-se, efetivamente, o risco da acomodação. O único interesse passa a ser “garantir um lugar ao sol”, sem luz própria. Aqueles que realmente buscam o desenvolvimento de suas instituições precisam deixar-se confrontar pela inventividade e pela inovação. Nada de modo afoito ou irrefletido. O importante é, a exemplo de atletas, buscar superar seus próprios recordes, para vencer o risco de acomodação nas próprias contradições internas. Os acomodados permitem-se oferecer justificativas pífias para a própria mediocridade, impondo dificuldades ao carisma e à missão das instituições. O prejuízo é grande, não simplesmente para um contexto institucional, mas para a sociedade que pode perder uma importante referência.

A saúde institucional depende das posturas e dos desempenhos de seus recursos humanos. O exercício de responsabilidades não pode ser confundido com a busca pela realização de ambições pessoais ou profissionais. Nesse sentido, valer-se da própria responsabilidade ou do lugar que se ocupa para matar a patológica sede pelo poder é enjaular-se na mediocridade. O pertencimento institucional, pelo cargo e pela responsabilidade, pede um esforço considerável para corresponder aos anseios da sociedade, que precisa do carisma e da missão das instituições. O propósito institucional, para ser alcançado, depende da dedicação daqueles que tem a responsabilidade de efetivá-lo no contexto de suas instituições.

Especialmente no atual contexto, de tanto pluralismo e acentuada velocidade no transcurso de tudo, deve-se cuidar da dimensão humana que é essencial às dinâmicas das instituições, sem saídas paliativas. A sociedade precisa de instituições saudáveis e vigorosas, atuantes a partir de seu carisma e missão, contando com desempenhos relevantes de seus colaboradores, para alavancar a efetivação do sonho permanente de um mundo mais justo e fraterno, jamais reduzido a interesses cartoriais, estreitado pela pequenez do egoísmo e das mediocridades. No horizonte da saúde institucional, se inscreve uma grande responsabilidade social e uma importante oportunidade: a partir da participação qualificada na vida institucional, no desempenho de todos os tipos de função, pode-se ajudar, significativamente, a escrever memorável página na história.

 

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte      



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