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Jubileu da Esperança inspira os trabalhos da 109ª Assembleia Geral do Clero 

Os presbíteros a serviço do Povo de Deus na Arquidiocese de Belo Horizonte se fortaleceram na missão de anunciar o Evangelho durante a 109ª Assembleia Geral do Clero, nesta terça-feira, 3 de dezembro, na Catedral Cristo Rei. Presidida pelo arcebispo dom Walmor Oliveira de Azevedo, com a participação dos bispos auxiliares, a Assembleia, na parte da manhã, foi marcada por momento de reflexão, com a assessoria do padre Francys Silvestrini Adão, SJ, a partir do tema  “Vida e ministério do presbítero: homem da esperança” . A apresentação conduzida pelo sacerdote jesuíta auxiliou os padres da Arquidiocese de Belo Horizonte a vivenciarem a “escuta no espírito”, dinâmica que marcou recentemente a Assembleia do Sínodo dos Bispos sobre a sinodalidade na Igreja. Para a vivência dessa dinâmica, os padres foram organizados em pequenos grupos, entre seis e sete integrantes. Juntos, eles foram convidados a escutar Deus sobre o próprio ministério e o caminho da Igreja. 

Padre Francys Adão, que celebrou 13 anos de sacerdócio neste dia 3, lembrou que o mundo vive uma crise de esperança. “O Ano Jubilar da Esperança, em 2025, é oportunidade para ajudarmos o mundo a vencer crises de esperança, inclusive em relação ao Concílio Vaticano II”, disse, ao iniciar a sua apresentação. O jesuíta lembrou que o Concílio Vaticano II permitiu à Igreja reconhecer que Deus se expressa também a partir das mudanças de época, abrindo-se a novos caminhos para a Evangelização. Porém, diante da dificuldade de se avançar mais rapidamente nas indicações do Concílio e dos problemas graves enfrentados pelo mundo, vive-se uma crise de esperança.

Neste contexto de desesperança, o sacerdote explicou que a Igreja Católica dirige-se a um mundo ainda distante das feições do Reino de Deus com a certeza de que pode ajudá-lo a avançar, entrando em sintonia com a vontade do Pai. Para isso, a Igreja propõe um método: a “escuta no espírito”.  Fundamentando-se na Palavra de Deus, padre Francys delineou o itinerário para se viver a “escuta no Espírito”. “O Espírito suscita no coração algo a ser dito. É preciso dedicar atenção aos movimentos interiores, espirituais”, explicou, acrescentando ainda que é preciso saber escutar 

Vida em comum, a esperança batismal 

Padre Francys recordou a narrativa bíblica sobre o batismo de Jesus,  quando uma voz ecoou do céu – “Tu és meu Filho amado”.  Cada pessoa, filho e filha de Deus, é amado pelo Pai, destacou o sacerdote. Toda pessoa é amada, cada vida é única.  E todos somos capazes de amar, de bem-querer o semelhante”, pontuou. Conforme explicou o jesuíta, o amor de Deus é a rocha que sustenta a esperança. Em seguida, padre Francys retomou a passagem bíblica sobre a Transfiguração do Senhor, em que Deus novamente diz: “Este é meu Filho muito amado”, orientando a humanidade a escutá-Lo.  Escutando Jesus, é preciso abrir-se para ouvir o semelhante: “Somente conseguimos alcançar determinadas compreensões quando escutamos o outro, que é igualmente amado. O Espírito fala também à interioridade do semelhante”.

Ministério dos presbíteros: uma interpretação sapiencial

Ao final de sua partilha, padre Francys convidou os sacerdotes a refletirem sobre o próprio ministério, a partir da “escuta no Espírito”. Antes, ponderou que é preciso reconhecer e nomear as dificuldades, sem se deixar tomar pelo abatimento, pois “a vida é parto”, segundo suas próprias palavras. “É feita de começos e recomeços…, partidas, decisões, renascimentos. Só há uma condição para viver: não estar farto”. “Quando tudo está bem, ‘vem o parto’… somos chamados a partir. Para quem não está farto, viver é mistério. É preciso continuar, recomeçar. E recomeçar dói, mas, com o olhar da fé, é preciso discernir se a dor é de morte ou de parto, para nascer e descobrir algo novo.  ‘O mundo geme em dores de parto’ ”, destacou padre Francys, concluindo a sua explicação com a frase da Carta de São Paulo aos Romanos. 

O sacerdote jesuíta citou também a passagem bíblica do Filho Pródigo, em que o pai acolhe o filho mais novo, que regressou para casa. Sempre ao lado do pai, o filho mais velho experimenta a ira, em razão das homenagens recebidas pelo irmão, por ele consideradas injustas. Porém, a partir dos ensinamentos do pai, o filho mais velho compreende que é preciso celebrar a volta do irmão mais jovem. Padre Francys lembrou que essa passagem bíblica, originalmente, traz a expressão grega que é raiz da palavra presbítero –  remete a irmão mais velho. “Presbítero é um irmão mais velho. Qual é o lugar do Irmão mais velho?  Ele não é pai, ou mãe, mas, pela experiência, pode instruir aqueles que são mais jovens. Importante reconhecer que todos, velhos e jovens, são igualmente herdeiros de Deus.  Jesus convida os presbíteros: sejam homens de esperança!” 

Na sequência da Assembleia do Clero, os presbíteros vivenciaram o exercício de discernimento sobre o próprio caminho, à luz da experiência dos Discípulos de Emaús, conforme narração bíblica. Partilharam momentos fraternos e reflexões sobre o itinerário a ser trilhado pela Arquidiocese de Belo Horizonte, na vivência do Ano Santo 2025 – Jubileu da Esperança. 

Entrega das “chaves” da Catedral Cristo Rei

Durante a Assembleia Geral do Clero, o arcebispo dom Walmor entregou as “chaves” da Catedral Cristo Rei a setores da Igreja Particular de Belo Horizonte que, recentemente, ganharam nova sede, com a conclusão de etapas importantes na obra de edificação da Catedral. 

Ano Jubilar 2025 – Peregrinos da Esperança

O Ano Santo 2025, com o tema “Peregrinos da Esperança”, foi convocado pelo Papa Francisco, a partir  da bula “Spes non confundit” (A esperança não confunde).  Será um Jubileu vivido em todo o mundo, momento especial de renovação espiritual e celebração da misericórdia divina. Os fiéis são chamados a refletir sobre o valor da esperança em um mundo marcado por desafios e incertezas, e a fazer uma peregrinação –  jornada interior em busca de renovação e encontro com Deus. O Jubileu da Esperança também incentiva a reconciliação, a conversão pessoal e a solidariedade, promovendo a paz e o perdão, enquanto os peregrinos são convidados a testemunhar a fé com esperança ativa e renovada.

A primeira referência a um Ano Jubilar está na própria  Bíblia: o Ano Jubilar tinha que ser convocado a cada 50 anos (cf. Lv 25,8-13). Foi proposto para auxiliar a humanidade a restabelecer uma correta relação com Deus, entre as pessoas e com a Criação. O Papa Bonifácio VIII, em 1300, proclamou o primeiro Jubileu, também chamado de “Ano Santo”, porque é um tempo no qual se experimenta que a santidade de Deus transforma o ser humano. A sua frequência mudou ao longo do tempo: no início era a cada 100 anos; passou para 50 anos em 1343 com Clemente VI e para 25, em 1470, com Paulo II. Também há jubileus “extraordinários”: por exemplo, em 1933, Pio XI quis recordar o aniversário da Redenção e, em 2015, o Papa Francisco proclamou o Ano da Misericórdia.



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