As palavras têm valor e tornam-se expressão de experiências vividas. Graças a Deus, somos chamados e chamadas a ser, de verdade, imagem da bondade de Deus que nos apareceu em Jesus Cristo. Ele é a Palavra proclamada, celebrada e vivenciada e precisa ser anunciada. A Palavra de Deus convida-nos a ler a Bíblia e assimilar essa Palavra, deixando-nos penetrar por ela. Ao mesmo tempo, nos leva a uma transformação de vida.
A catequese, no seu processo educativo, nos proporciona um processo permanente de amadurecimento da fé. Quem aderiu a Jesus Cristo, de fato, inicia um processo de conversão permanente, que dura toda a vida. Aquele que encontrou Cristo deseja conhecê-lo melhor. O amor é assim. Quando descobrimos que amamos, queremos ficar sempre perto e conhecer sempre mais a pessoa amada. A catequese deve levar o catequizando a amar e querer conhecer sempre mais a Jesus Cristo. Conhecer Jesus através da Palavra, escutar as histórias de Jesus, escutar e olhar para nossas histórias de vida e nos perguntar: como continuar nossa caminhada numa realidade que se apresenta carregada de diferentes traços, símbolos e linguagem, trazendo para nossos dias os ensinamentos de Jesus?
A catequese nos leva ao encontro com Jesus
A catequese, no seu papel de fazer ressoar a Palavra de Deus nos corações das pessoas que desejam escutar e fazer essa experiência do encontro com Jesus, ajuda-nos a recuperar a memória do caminho por nós percorrido, a partilhar essa experiência, nos colocando na escuta desse tempo presente. Mas o que esse tempo nos fala? A que nos chama? É diante da presença desse tempo, diante do que ele exige de nós é que vamos buscar a memória da vida do ressuscitado e reconhecer sua voz assim como os primeiros discípulos e discípulas o escutaram e o reconheceram ao longo do caminho de Emaús. Na escuta e através do som que faz eco em nossos corações, somos renovados e impulsionados a dar continuidade à missão.
Assim como os discípulos de Jesus que tiveram medo, ficaram recolhidos e preocupados, ao mesmo tempo confusos e indignados com os acontecimentos do seu tempo, também hoje passamos por sentimentos semelhantes diante de um inimigo que desconhecemos, mas que mantém uma presença destruidora no meio de nós.
A Palavra de Deus vem aquecer o coração. Ela é fonte de vida e esperança para todos os povos. São inspirações para o nosso cotidiano, quando percebemos nela o valor sagrado da dignidade humana e o chamado para seguirmos em frente como discípulos de Jesus em nossos dias. Ela é o instrumento que nos ajuda a construir um itinerário para levar a mensagem do Evangelho para a vida das pessoas, produzindo efeitos em todas as dimensões da vida, sejam elas econômica, social, cultural, política, religiosa, ecológica.
À medida que vamos fazendo nossas leituras e conhecendo melhor a Palavra de Deus, nos deixamos conduzir pelo mistério e vamos absorvendo a história com seus rostos, seus novos sujeitos, suas novas linguagens e presenças. É preciso ficarmos atentos a essa realidade presente, caminhar nela e nos deixar encontrar com todos aqueles que desejam escutar a beleza da Palavra de Deus. Reconhecer que a caminhada da comunidade cristã é lenta e desafiadora, mas um trabalho bonito e gratificante.
A vida cristã em comunidade não se improvisa. É necessário todo um processo educativo que demanda cuidado. O crescimento interior da Igreja depende da Catequese, por isso ela deve ser prioritária na comunidade. Pelo Batismo somos membros da Igreja e corresponsáveis pela evangelização e pela catequese. E a catequese é responsabilidade de toda a comunidade cristã. Não somente responsabilidade dos catequistas, dos padres, dos religiosos.
Os pais cristãos são os primeiros catequistas de seus filhos e a Igreja confere oficialmente a determinados membros da comunidade, especialmente chamados, a delicada missão de transmitir a fé, no seio da comunidade. São os (as) catequistas! Na Igreja, o Bispo é o primeiro responsável pela catequese, o catequista por excelência. Aquele que alimenta a verdadeira paixão pela catequese, que trabalha para que haja catequistas preparados para a missão. Logo após o Bispo, os padres e diáconos também educadores da fé, são responsáveis principalmente pela formação e acompanhamento dos catequistas.
Todos são convidados a abrir mão dos reconhecimentos e elogias e apenas desejar, ardentemente, viver na escuta comunitária. Escutar também para discernir o caminho que Deus quer trilhar entre nós, conosco, por nós, num abandono confiante, que nos ajude a chegar ao místico do coração para uma aventura sem igual da fé. Uma vida coerente com a larga trilha das mensagens do Evangelho que nos levam a reconhecer o ser humano em sua integralidade.
Neuza Silveira de Souza
Coordenadora do Secretariado Arquidiocesano
Bíblico-Catequético de Belo Horizonte