A solenidade da Epifania do Senhor encerra o tempo de Natal com a celebração da festa da universalidade da salvação, dom que Deus oferece a toda a humanidade. O Menino Deus está no meio de nós. Cumpre-se a promessa e as nações caminharão à tua luz, os reis ao brilho do teu esplendor. É festa de Luz; festa dos Reis Magos.
A palavra “epifania” significa “manifestação”. É Deus que se manifesta ao mundo. Os reis magos, cada um com sua cor de pele diferente: um branco, outro banjo e outro negro, representa esse mundo: os povos de todas as nações que vão adorar o menino-Deus nascido em Belém.
Os reis magos vieram do outro lado do mundo, do Oriente. Para não se perderem pelos caminhos foram guiados por uma luz que vinha do céu, uma estrela. Eles eram estudiosos, conheciam as histórias dos astros e sabiam que haveria uma estrela que indicaria o lugar onde deveria nascer o Deus salvador. É uma profecia que se encontra no livro do profeta Isaias (60,1-6): “Levanta-te, ilumina-te, porque chegou a tua luz e a Glória do Senhor raiou sobre ti! Sim, as trevas cobrem a terra, e a escuridão, os povos; mas sobre ti raiará o Senhor; e a sua glória verá em ti. As nações caminharão à tua luz, e os reis ao esplendor de tua aurora. Levanta os olhos em volta e observa: todos eles foram reunidos para virem a ti; teus filhos vêm de longe, e tuas filhas são carregadas ao colo. Então verás e ficarás radiante, teu coração vai palpitar e dilatar-se, pois afluirão a ti as riquezas do mar e a força das nações virá a ti. Uma inundação de camelos vai te cobrir, dromedários de Madiã e de Efa, todos virão de Sabá, trazendo ouro e incenso e proclamando os louvores do senhor”.
Assim o evangelista Mateus nos conta Mt (2,1-12): Os Magos iniciaram sua busca. Foram para Jerusalém, procuraram pelo Rei Herodes e assim foram informados que o menino nasceria em Belém. Guiados pela luz da estrela, o encontraram em Belém, em uma estrebaria: lugar onde ficam os animais. Ao encontrar o menino-Deus, ajoelham-se para adorá-lo e lhe dá presentes. Oferecem ouro reconhecendo o valor da dignidade do ser humano. Oferecem o incenso desejando que a vida do menino se desabroche e sua dignidade seja elevada até o céu. Oferecem mirra como medicamento para curar a enfermidade e aliviar o sofrimento.
O Rei Herodes, na verdade, também desejava saber onde encontrar o menino, mas não para adorá-lo, mas para matá-lo, pois não queria perder seu lugar de Rei. Assim, os reis magos, ao retornarem, são avisados por um anjo da intenção do rei Herodes e retornam por outro caminho.
Diante da realidade do cumprimento da promessa, “o nascimento do menino”, os sumos sacerdotes e escribas sabiam que o menino nasceria em Belém, conforme consta nas Escrituras, mas eles não se interessaram nem um pouco para ir visitá-lo. Esta é a mesma realidade que Jesus vai encontrar ao longo de sua vida. Sempre foi rejeitado pelo poder político e sentiu na pele a rejeição e hostilidade dos dirigentes religiosos. Grande eram a indiferença e resistências dos religiosos à sua pessoa. Somente os que buscam o Reino de Deus e a Justiça o acolherão.
Quem é a mãe do Menino-Deus?
Encontramos na carta do Apóstolo Paulo aos Gálatas (Gl4,4) o fundamento do nascimento de jesus, o menino-Deus nascido de mulher, uma maternidade divina que traz à vida o Filho de Deus, “nascido sujeito à Lei, para resgatar os que eram sujeitos à Lei, e todos recebemos a dignidade de filhos”. Nos evangelhos de Mateus e Lucas encontramos também o relato do nascimento de Jesus, nascido da jovem Virgem Maria de Nazaré e sua origem divina.
Maria, mãe de Jesus, é a Virgem de Nazaré, visitada por Deus na anunciação. Ela concebe seu filho pelo Espírito Santo (Mt 1,18-20), depois torna-se esposa de José (Mt 1,24; Lc 1,27). Em visita a sua parenta, Isabel, ela canta o “Magnificat (Lc 1,39-55). Dá a luz Jesus, em Belém Mt 2, 1-6; Lc 2,4-7) e é visitada pelos pastores e pelos reis magos (Lc 2,15-21; Mt 2,7-12).
O Apóstolo Paulo exprime o fundamento da maternidade divina que o evangelista Marcos explicita sublinhando a divindade de Jesus do qual Maria é a mãe Gl 4,4) e insiste na superioridade do parentesco espiritual sobre o parentesco da carne. Marcos sugere que Maria faz a passagem do espírito para a carne (3,35). A Virgem, chamada a dar a luz ao “Filho de Deus”, empenha todo seu ser na realização da vontade divina.
Para Lucas, o nascimento de Jesus é o nascimento do salvador de todos, uma salvação que deve realizar-se pela morte e ressurreição do Messias, desde agora. Maria deve dar à luz e educar a Igreja na espera da manifestação do Espírito Santo.
Neuza Silveira de Souza. Coordenadora do Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético de Belo Horizonte.