Deus se revela agindo. Ele é a Palavra que desde o início se apresenta a nós como comunicação divina que chegou a nós pela boca dos profetas e dos Apóstolos e ainda, por todos aqueles que ele escolheu e chamou para dialogar com a humanidade. É a nossa tradição oral, pois nem tudo que foi falado e vivido foi escrito.
Jesus, na teologia cristã, é reconhecido como a Palavra de Deus. Ele é a comunicação definitiva do Pai com a humanidade. Ele se torna a Palavra que resume todas as palavras. Sua vida não é uma invenção e o Cristo ressuscitado não foi uma criação. Nesse sentido, para a fé cristã é fundamental a mediação histórica, para fazermos o mesmo itinerário, percorrer o caminho dos ensinamentos Jesus deixando se iluminar pela luz do ressuscitado.
Assim como podemos compreender a descida de Deus que veio ao encontro de Moisés, assim também, Ele continua descendo e vindo ao nosso encontro. Ele está sempre a nos visitar e caminhar conosco, nos revelando seu amor e sua misericórdia. No meio de nós, nos convida a fazer a experiência do seu amor e da sua misericórdia.
Hoje celebramos a exaltação da Cruz de Jesus como símbolo do sacrifício redentor de Cristo, da sua vitória sobre a morte e o pecado, e da sua ressurreição. Nesta festa celebramos o amor incondicional de Deus manifestado no sacrifício de Jesus, que, por amor, se entregou para a salvação da humanidade. Na exaltação da Santa Cruz reconhecemos que “Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito”. Cristo na cruz é o triunfo de Deus Pai, é a fonte de nossa salvação, e a energia para amar. “Ninguém subiu ao céu, a não ser aquele que desceu do céu, o Filho do Homem.
Reconhecer esse amor de Deus para com seu Filho viver essa experiência nos é possível quando abrimos ao outro e possibilitamo-nos a abrir os nossos corações e deixar fluir de dentro de nós a caridade que nos leva a partilhar o amor de Deus para com os outros. Viver esse amor e testemunhar. Assim foi Jesus. Ele viveu intensamente essa misericórdia e testemunhou-a através de suas ações. Ele nos ensina até hoje, em que consiste essa misericórdia, que deve ser praticada sempre, e em todo lugar.
No seu agir não pode haver lugar para o julgamento, a condenação, mas sempre perdoar e permanecer no amor. O perdão das ofensas torna-se a expressão mais evidente do amor misericordioso, e para nós cristãos torna-se algo do qual não podemos prescindir.
A missão que Jesus recebeu do Pai foi a de revelar o mistério do amor divino na sua plenitude. “Deus é amor” (1 Jo 4,8-16): afirma-o, pela primeira vez em toda a Escritura, o evangelista João. Este amor tornou-se visível em toda a vida de Jesus. Ao se relacionar com as pessoas ele deixa manifestar esse amor. Toda a sua atividade foi impregnada de misericórdia. Assim, a sua misericórdia é a sua responsabilidade por nós. Em sintonia com isto, se deve orientar o amor misericordioso dos cristãos.
A Igreja vive uma vida autentica quando professa e proclama a misericórdia. Ela nos convida a peregrinar e continuar sendo caminho para o outro. É o Senhor Jesus que indica as etapas da peregrinação. Ele nos pede para perdoar e dar. Devemos acolher o irmão com misericórdia. Ser instrumento do perdão, porque primeiro o obtivemos de Deus. Para que possamos agir com misericórdia, diz o Papa Francisco, devemos primeiro pôr-nos à escuta da Palavra de Deus. Colocando-nos no silencio para meditar a Palavra que nos é dirigida, torna-se possível comtemplar a misericórdia de Deus e assumi-la como próprio estilo de vida.
Como rezamos hoje, em Filipenses 2,6-11, a oração de exaltação à Santa Cruz, pode-se pedir a salvação e a proteção de Cristo, deixando-se manifestar a confiança na força da Cruz para afastar o mal e conduzir à vida eterna. A cruz, como lugar do sacrifício de Cristo, é o princípio da salvação dos homens. Podemos pedir: “Pela vossa Santa Cruz, salvai-nos, Senhor.
Neuza Silveira de Souza.
Coordenadora da Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético da Arquidiocese de Belo Horizonte.