O mês de setembro chegou! Com ele vem chegando a primavera para florir nossos horizontes. Nesse tempo tão bonito também celebramos o Mês da Bíblia que carregada palavras ricas de amor, de beleza, de sintonia com a vida de cada pessoa e também perfuma nossa existência.

A Bíblia é um livro gerado pelo povo, sendo veículo da revelação de Deus, por Jesus Cristo, seu Filho, que veio para todos, enviado pelo Pai, para nos contar a história de vida e salvação.  Por isso, pode-se dizer que a Bíblia é profundamente divina e humana: fala das coisas de Deus, da sua criação, do seu agir e da vida. Narra a experiência de um povo que caminha há muitas gerações. Ela é Palavra de vida eterna, sempre nova, provocante e iluminadora.

Por meio de suas palavras pode-se descobrir o segredo de Deus para viver bem a vida. Deus está sempre falando conosco: Fala por meio da natureza, da vida, dos atos, pelos acontecimentos ao longo dos tempos… Deus continua se revelando nos fatos da vida.

São Paulo nos diz que a Bíblia foi escrita: para ensinar, refutar, para corrigir, para educar na justiça (2Tm 3,16). Lendo-a, nós entendemos melhor o projeto de Deus para a nossa vida humana.

Jesus deixa um grande exemplo, ensinando-nos através de sua pedagogia, como a palavra ilumina a vida. Dentre muitos, citamos (Lc 24,25-27). Depois de escutar os dois discípulos, Jesus ilumina suas vidas, a partir daquela realidade, ajudando-os a fazer memória das palavras da Bíblia que se encontra no livro de Moisés e dos profetas e, assim, esta palavra orienta-os para compreender de modo diferente os fatos ou a situação vivida por eles. Com este ensinamento Jesus desperta nos discípulos uma nova atitude de fé que os conduzem para o testemunho e a missão.

Podemos também citar (Jo 4,1-42), a Samaritana, uma mulher de vida questionável, excluída pelo judaísmo de Jerusalém. Uma mulher que vivia em meio ao sincretismo religioso, mas ao encontrar com Jesus ela deslumbra a beleza de uma nova vida, encontra-se a si mesma e transforma seu modo de vida, dando testemunho de Jesus.

O que encontramos na Bíblia?

Muita gente acha difícil a leitura da Bíblia, sobretudo o Antigo Testamento, também conhecido como Velho Testamento ou Escrituras Sagradas. Muitos acham que dentro da Bíblia não há quase nada que diga respeito à nossa vida. Acham que a Revelação divina se encontra debaixo de culturas e tradições que já não são mais as nossas, mas não podemos esquecer que nela está contido as raízes da nossa fé, que é a profecia da vinda do Messias.

A expressão Antigo Testamento deve ser compreendida como a apresentação de um povo eleito por Deus, com o qual veio fazendo Alianças, estabeleceu suas leis, contou suas histórias, cantou suas alegrias e tristezas, declamou poemas, fez profecias, até chegar na geração de Jesus, um povo judeu.

Nos primeiros cinco livros encontramos a Torá. É a lei Aliança, a Instrução, o Ensinamento. Nela encontramos a Aliança de Deus com Noé, com Abraão e com Moisés. É Deus insistindo com esse povo e lutando firmemente para ajudar o povo a permanecer fiel.

Nos chamados livros históricos, encontramos as narrativas, a organização do povo, suas lutas, vitórias, festas e dificuldades, mostrando os trabalhos das grandes lideranças.

Nos chamados livros sapienciais, ou seja, de sabedoria, apresentam-nos as reflexões de sabedoria como:  poesias, cantos, salmos, orações, hinos e provérbios.

Nos livros proféticos está a mensagem daqueles que foram chamados para anunciar, denunciar e indicar caminhos. No meio dos profetas encontramos Ezequiel que, ajudando o povo no exílio a refletir sobre Deus, leva-os a uma nova Aliança. Deus diz:  Eu serei o seu Deus e vós sereis o meu povo.

No Antigo Testamento está a profecia do Messias que vem concretizar para nós cristãos, na pessoa de Jesus, por meio dos Evangelhos. Aqui encontramos a grande Boa Notícia: Jesus, O Cristo Ressuscitado. O Novo Testamento nos oferece as reflexões e experiências das primeiras comunidades sobre Jesus Cristo: sua pessoa, palavras, gestos e atitudes. Também as várias cartas que descrevem a vida e os conflitos das primeiras comunidades cristãs.

Ao percorremos o caminho bíblico encontramos com Jesus Cristo, o mistagogo, o pedagogo, aquele que é o primeiro Sacramento de Deus, o educador da humanidade. É Nele que cremos. É a Ele que seguimos. Ele se tornou o modelo de vida para nós cristãos.

Os ensinamentos de Jesus nos inspiram e nos colocam à frente do seu projeto exigindo-nos compromisso, pois Jesus quer seguidores comprometidos e que se coloquem no seu seguimento, sem reservas. Ao segui-lo, percebemos a realidade presente, na perspectiva de Jesus e dos Apóstolos. Nesse sentido, podemos assumir os desafios vindos da nossa realidade contraditória e confrontá-la com o Evangelho.

Encontramo-nos em uma realidade onde a injustiça não provém só do econômico, mas também do social, político e cultural. Somos convocados à prática da solidariedade, da vida em comunhão em favor de todos aqueles que clamam por justiça.

Como cristãos batizados e impregnados do perfume de Cristo devemos transitar por esta realidade e descobrir qual é a mensagem que deve ser anunciada. Em Jesus temos a salvação, obra de Deus que requer a ação do homem.

A obra de Deus depende do homem para sua realização. Quem adere ao projeto de Deus, decide caminhar com Jesus, anunciando a sua mensagem, fazendo-se discípulo dele, contribuindo para a concretização de sua obra.

Quem são os discípulos de Jesus?

Busquemos esses ensinamentos na Palavra. O que o Evangelista Lucas nos diz sobre quem são os discípulos de Jesus?  Vejamos em Lc 10, 2-12 e em outras passagens:

Jesus, ao enviar seus discípulos em missão os instrui dizendo: rezem ao Senhor pedindo-lhe que envie operários para trabalhar no projeto do Pai; ao ir para a missão não sejam violentos, mas ajam como cordeiros; anunciem o Reino de Deus despojado do poder, da autoridade, mas com humildade; sejam agentes de paz; sejam precursores no anúncio da missão preparando bem o caminho do Senhor. Se encontrar alguém que não deseja ouvi-los, vá em frente. Estas orientações também servem para nós.

Vamos aproveitar esse mês e participar da reflexão sobre o tema do mês da Bíblia: O livro de Ezequiel. No passo a passo, vamos trazendo para a nossa vida o conhecimento da Palavra de Deus. Através das experiências das primeiras comunidades, relatadas nos Evangelhos, vamos apreendendo o jeito de caminhar com Jesus.

 

Neuza Silveira de Souza.

Coordenadora do Secretariado

Arquidiocesano Bíblico-Catequético de Belo Horizonte

 

Arquidiocese de Belo Horizonte